sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Curso de Avaliação e Planejamento | 14/11/2015


Ferramentas práticas para a avaliação e planejamento da intervenção para o desenvolvimento da comunicação e linguagem no autismo

As dificuldades na área da linguagem e da comunicação são uma das marcas registradas no autismo. Esse curso tem o objetivo de apresentar ferramentas práticas para avaliar o perfil e planejar a intervenção para o desenvolvimento da comunicação e linguagem no autismo. 


                                                          Gostou? Faça sua inscrição aqui.

Data: sábado, 14 de novembro de 2015.

Horário:  8h30 – 18h30

Carga-horária: 10 horas-aula

Local:  CIEE, Av. Dom Pedro II, 861. Porto Alegre - RS

Público-Alvo:
Fonoaudiólogos, psicopedagogos, terapeutas ocupacionais, psicólogos, educadores, pedagogos, estudantes, familiares e demais interessados no desenvolvimento da linguagem e da comunicação em pessoas com autismo.

Conteúdo programático:
- Autismo: uma visão a partir da neurociência e da neurodiversidade
- Como o autismo impacta a aprendizagem e o desenvolvimento
- Especificidades do desenvolvimento da linguagem no autismo
- Delineando o perfil da pessoa com autismo (entrevista, observação e escalas)
- Comunicação a partir do esquema de Charity Rowland
- Plano de intervenção e monitoramento do progresso
- A importância de suportes visuais e Comunicação Alternativa na intervenção
- Trabalhando em parceria com a família

Ministrante:
Renata Costa de Sá Bonotto
Doutoranda em Informática na Educação - PGIE/UFRGS
Mestre em Estudos da Linguagem - Linguística Aplicada - PPGLET/UFRGS
Especialista em Educação a Distância - Universidade Católica de Brasília/DF
Licenciada em Letras-Inglês - UFRGS
Formação em Inclusão Social e Escolar no Autismo
Membro efetivo da ISAAC - International Society of Augmentative and Alternative Communication


Observações:
- Haverá entrega de material impresso e referências dos conteúdos utilizados no curso.
- A Matriz de Comunicação, uma das ferramentas apresentadas no curso, conta com uma plataforma online que pode ser usada gratuitamente. Os interessados podem trazer seu PC para experimentar a ferramenta (haverá acesso wireless disponível no local).
- Vagas limitadas e para um grupo reduzido para favorecer a troca de informações e interação.
- Não serão realizadas inscrições no local.

Investimento: R$ 300,00

Depósito bancário
Banco Itaú, Agência 7336, Conta corrente 06095-4
Renata Costa de Sá Bonotto

Maiores informações e contato: autismoelinguagem@gmail.com

Gostou? Faça sua inscrição aqui.

Termo de Compromisso:
Acolheremos o cancelamento de inscrição quando solicitada até sete dias depois de sua efetivação. É possível indicar uma substituição de nomes através de comunicado prévia (em conformidade com o Código de Defesa do Consumidor - Artigo 49).
O curso será realizado mediante um número mínimo de inscrições necessárias.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Candidat@ à intervenção em Comunicação Alternativa


Para saber se uma criança ou pessoa autista é candidata à utilização de Comunicação Alternativa, as seguintes perguntas podem ajudar:
  • Ele/Ela não fala?
  • Tem um atraso na fala?
  • Tem uma fala incompreensível?
  • Tem um vocabulário limitado (de 1 a 20 palavras)?
  • Parece surda?
  • Usa uma palavra, frase ou sentença uma vez e depois não mais?
  • Usa a fala apenas para pedir algo que deseja muito?
  • Faz pedidos (ex.: eu quero...) mas não comentários (ex.: "estou com sede", "estou com frio", "o almoço está delicioso")?
  • Tem uma fala ecolálica, ou seja, repete palavras e frases que ouve?
  • Tem dificuldades em fazer pedidos?
  • Tem comportamentos difíceis de serem interpretados?
  • Não responde a perguntas?
  • Tem dificuldade na memória de curto prazo?
  • Tem dificuldade em iniciar interações? Tem dificuldade em interagir com outras pessoas?
  • Comunica-se apenas sobre tópicos específicos?
  • Fica brava e frustrada por motivos desconhecidos?
  • Fica brava e frustrada por motivos conhecidos, mas aparentemente razões que não fazem sentido?

Se a resposta para algumas dessas perguntas é sim, deve ser considerada a introdução de Comunicação Alternativa com a criança ou pessoa autista. ;-)

Por Joanne M. Cafiero, 2005

A Comunicação Alternativa é para quem???

Um fato me levou ao interesse pela Comunicação Alternativa foi meu filho estar com pouco mais de 5 anos e, por mais que tenhamos alcançado muitos avanços na comunicação por vias não orais, como na atenção conjunta, uso de alguns gestos e, até mesmo, algumas verbalizações, ainda eram recursos comunicativos limitados em relação às demandas de comunicação e funcionamento de uma criança em sua idade.

Então, acabou a Educação Infantil, chegou o primeiro ano do Ensino Fundamental, e as demandas se avolumaram ainda mais. Com déficits importantes tanto na linguagem expressiva e quanto na compreensiva, as oportunidades de interação social, aprendizagem e desenvolvimento se estreitaram em comparação às crianças de sua idade que já estavam falando pelos cotovelos. =D

Ao chegar nesse ponto, a Comunicação Alternativa deixou de ser uma opção (já não era antes, mas tive que descobrir sozinha!) e tornou-se um imperativo. Sim!!! A Comunicação Alternativa é para pessoas que não falam (ou falam muito pouco), mas não só.

É exatamente esse ponto que quero destacar aqui: a pessoa autista e todos os que se relacionam com ela se beneficiarão de uma intervenção em Comunicação Alternativa o mais cedo possível e em qualquer momento que isso aconteça.

Infelizmente, muitas pessoas reduzem Comunicação Alternativa ao uso de cartões de comunicação, mas isso é um grande equívoco. Há uma gama enorme de recursos, técnicas e estratégias que podemos usar para o desenvolvimento da linguagem expressiva, compreensiva, para aprendizagem e manejo de comportamento - apenas para citar alguns!

Usar Comunicação Alternativa, de forma bem simples, nada mais é que estabelecer um meio simbólico alternativo à fala que faça sentido entre duas ou mais pessoas. Eu gosto da metáfora da segunda língua. A Comunicação Alternativa é como uma segunda língua que tanto a pessoa com autismo e todos os que se relacionam com ela precisam usar para viabilizar a comunicação.

Comunicar-se é algo inerente ao ser humano e fazemos isso de muitas formas, convencionais ou não, através de símbolos concretos, abstratos ou de linguagem falada ou escrita. Todos, sem exceção, devem ter garantido o direito de se comunicar e a Comunicação Alternativa nos aponta caminhos possíveis.

Google Imagens

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Dúvida comum: devo colocar a palavra escrita na figura, foto ou pictograma ou não???

Às vezes, me perguntam se é importante ou não colocar a palavra por escrito em uma figura, uma foto ou um pictograma de um cartão de comunicação do usuário de CAA. 

Escrever a palavra em um cartão de comunicação é essencial pois quando a ela não está presente, as pessoas que não são do convívio imediato da criança podem ficar em dúvida sobre como exatamente nomear aquela figura ou qual é o seu significado exato.  Veja, por exemplo, os cartões na pasta de comunicação abaixo:

Pasta de Comunicação (Uso autorizado)
Quando vi essa pasta pela primeira vez, fiquei pensando: "o que são aqueles martelinhos amarelo e verde?"  E a foto com a criança sentada no chão, aparentemente, brincando com areia? Qual é  significado exato desse cartão de comunicação? Com exceção do cartão que tem a foto de um frasco de bolha de sabão - objeto muito familiar para mim! - não saberia bem o que fazer ou como responder a uma criança que o entregasse a mim.

Para que a comunicação seja efetiva é necessário que todos utilizem um cartão com o mesmo sentido em todos os lugares. Não é suficiente que apenas você e sua criança saibam o que ele significa. Quando o/a profissional, pai, tio, vó, professora, coleguinha olham para um cartão, precisam saber automaticamente o que ele significa, representa ou nomeia. Isso só é possível quando colocamos um "rótulo" nessa imagem - esse rótulo pode ser uma palavra ou até uma frase inteira.

Ampliar a efetividade da comunicação entre pessoas é a grande meta de qualquer sistema de Comunicação Alternativa. Isso só é possível quando todos os interlocutores compartilham os mesmos sentidos.

Linguagem é convenção. Por que chamamos cadeira de cadeira e mesa de mesa? Convencionou-se chamar cadeira de cadeira e mesa de mesa. Para que a comunicação flua, é importante que os sentidos sejam compartilhados entre todos os parceiros de comunicação. Sem isso a troca entre as pessoas "falha", não acontece ou é restrita.

Por isso tudo, SIM, todo cartão de comunicação ou figuras em uma prancha de comunicação deveriam trazer também a palavra que representam.

P.S.: Uma amiga me salvou com a informação de que os tais "martelinhos" são, na verdade, mordedores. Ok. Eureka!!! 

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Carly e CAA

Minhas inquietações no interseção do autismo e tecnologia tiveram início quando tomei conhecimento do caso de Carly Fleischmann, jovem canadense autista. Diagnosticada com autismo severo e retardo mental moderado, demonstrou que todos ao seu redor estavam enganados sobre sua capacidade intelectual e sobre a pessoa que realmente era. Essa jornada começou quando começou a digitar em seu computador. Um pouco de sua história está disponível no YouTube.

Transcrevo abaixo um trecho do capítulo escrito por ela no livro publicado em autoria com seu pai e que conta sua história.

Fonte: http://carlysvoice.com/

"A comunicação foi uma vitória para mim e para todos que me rodeavam. Barb, minha fonoaudióloga, trabalhou com mil métodos diferentes para que eu conseguisse me comunicar. Me lembro de ter a boca cheia de pirulitos e de aprender a utilizar as mãos e os dedos para me expressar por meio de sinais. Era muito complicado, e em algumas ocasiões, para dizer a verdade, frustrante. Apenas posso recordar a primeira vez que começamos com os símbolos gráficos.

"Maravilha, mostro uma foto de batatas fritas e alguém me dá as batatas”, pensava. Aquilo foi extraordinário para mim. Era a primeira vez que me comunicava, pedia algo e conseguia. Havia compreendido a parte mais difícil mas com a quantidade de coisas que acontecia ao meu redor, como poderia repetir? Demorei um pouco a descobrir. No começo me custava conter o impulso de mostrar outros símbolos que não representavam o que eu precisava naquele momento. Por exemplo, queria dizer que necessitava ir ao banheiro mas a foto de batata frita era muito atrativa para que eu pudesse ignorá-la.  [...] 

É estranho, mas a primeira vez que digitei ninguém me perguntou o que estava passando em meu cérebro...  o dia em que digitei pela primeira vez me sentia muito mal. Quando Howie me empurrou com suavidade para que eu sentasse mais perto de Barb, me doía o corpo todo. Me lembro de ter pensado que a tia dele é que usaria aquele equipamento! pois eu não tinha o menor interesse em fazê-lo. Porque continuavam insistindo? Sabia que Howie não me deixaria em paz até que eu dissesse algo. Só queria que soubessem que aquele não era nem o momento nem o lugar adequado, e então vi a palavra “ajuda” em minha cabeça, uma das que sempre havia estado na página principal dos meus dispositivos de CAA desde o princípio.

Comecei a digitar: “A-J-U-D-A”, e saí para me jogar no sofá. Howie me obrigou a voltar. Creio que estavam perplexos, e eu, bom, ainda não havia processado aquela vitória.  [...]
Comecei a escrever nas redes sociais e no meu blog. Experimentava a necessidade de enfrentar novos objetivos e me propus a aparecer no programa Larry King Live e inclusive aceitei o convite de um simpósio que ocorreria na SCUN em San Diego: Conferência Internacional de Tecnologia e Deficiência. Tudo isso me permitiria seguir acreditando que era capaz de fazer o que me havia proposto. Curioso, não? Tinham me dito que nunca falaria e aqui está minha voz, falando para você. 

O desafio mais recente é a minha ida para um colégio convencional [...] Fiz muitos amigos durante este curso na escola e pude organizar minha primeira festa, de verdade, em casa. Inclusive, fui ao cinema com um grupo de amigos e não necessitei de nenhum assistente. [...]


Um homem sábio me disse uma vez que uma semente necessita de amor e nutrientes para transformar-se em flor e que uma lagarta necessita de tempo e tenacidade para se transformar em uma linda borboleta. Esta é a razão porque digo que todos temos uma voz interior que espera manifestar-se, e conseguir ou não, depende única e exclusivamente de nós. 
Emocionante, não? ;-) Para quem lê em inglês, recomendo a leitura. Parece que o livro também foi publicado em espanhol, mas não encontrei na Internet a referência.


 
 

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Autismo e Comunicação Alternativa: combinação perfeita!

Uma das maiores preocupações das famílias com filhos que têm autismo é o desenvolvimento da fala. Para muitas, o atraso no desenvolvimento da linguagem e as diferenças na forma de se comunicar, são os sinais que as levam ao consultório médico em busca de respostas.

Infelizmente, o campo da CAA (Comunicação Alternativa e Aumentativa) ainda é cercada de muitos mitos e reducionismos (que estão mais que esclarecidos por tantas publicações e estudos científicos). O principal e mais danoso desses mitos é a falsa ideia de que a utilização de figuras e imagens vai deixar a criança "preguiçosa" para falar.

Traduzi o quadro abaixo de um livro que se transformou em companheiro de jornada e ampliou completamente a minha compreensão sobre o uso CAA no autismo. Indiscutivelmente, autismo e CAA formam uma dupla perfeita! Confira no quadro abaixo.



Experimente!